O Lago Norte está em pé de guerra. O vilão a ser atacado é o governador Rodrigo Rollemberg. A ira se justifica. Afinal, aquela área de Brasília, que concentra grande parte do PIB da capital da República, foi criada como Setor Habitacional Individual. Agora vem o Palácio do Buriti, com sua Lei de Uso e Ocupação do Solo, querendo transformar o bairro em um grande conglomerado entregue ao Deus Dará.
– A Casa da Mãe Joana é o Palácio do Buriti. Nós, moradores, não vamos permitir que o governador faça do Lago Norte o que bem deseja. Queremos mais segurança, mais lazer, mais tranquilidade. E essa lei (a Luos) vai acabar com nossa paz, reagiu Marta Lopes, residente no bairro, após reunião de moradores realizada na noite desta terça, 11, para a formação de grupos de confronto ao governo.
A população do Lago Norte avalia que o Palácio do Buriti só pensa em arrecadar mais dinheiro com a aplicação da Luos. “Vão acabar com o bairro. O Rollemberg quer dinheiro sem considerar as reais necessidades da comunidade”, dispara Marta.
A legislação proposta pelo Buriti, e em discussão, prevê para o Lago Norte, entre outras coisas, atividades comerciais e empresariais dentro das residências. Isso permitirá, se aprovada a lei, o funcionamento de microempresas de mais de 500 diferentes atividades. Cada empresa poderá contar com até 50 empregados.
– Já imaginou o que é a gente ter de conviver com cerâmicas, fábricas de têxteis, de calçados, acessórios, produtos em couro e madeira, consultórios, escritórios etc? O Lago Norte vai virar um inferno, dispara Eduardo Peixoto, fazendo coro à insatisfação manifestada por Marta Lopes.
Outro temor da comunidade é o fim do silêncio, uma vez que, aprovada a Luos como proposta pelo Buriti, o ruído provocado por máquinas, carros e caminhões de entrega seria incessante. Outro ponto atacado é a construção de mais dois postos de combustíveis, sem que houvesse qualquer reinvindicação dos moradores, que demonstram satisfação com as unidades existentes.
Os moradores também miram a destinação de novas áreas do Lago Norte para a construção de outros dois Parques de Atividades. “Ora, isso é uma proposta indecorosa, pois todos sabem que os Parques Vivenciais existentes estão abandonados e o planejamento do Parque das Garças, previsto para o final da Península Norte, ainda nem saiu do papel”, questiona Eduardo.
Os problemas, porém, não param por aí. Outro temor, com o eventual advento da Luos, é a utilização como estacionamentos dos becos de acesso à orla do Lago Paranoá. “São áreas verdes, são nossos jardins, que cuidamos em função do abandono do Estado. Nós, proprietários, preservamos essas áreas com nosso próprio dinheiro”, afirma Manoela Lins, moradora de uma das QL’s.