O que aconteceu
Empresário questionou Moraes do porquê de "tanta censura no Brasil". Na madrugada deste sábado (horário de Brasília), Musk fez o comentário em uma postagem no perfil oficial de Moraes no X, em que o ministro parabenizava o ex-STF Ricardo Lewandowski pela nomeação como chefe da pasta da Justiça e Segurança Pública do governo Lula, em 11 de janeiro. Foi a última publicação do ministro em sua conta na rede social.
Primeiro comentário recebeu apoio de diversos bolsonaristas. Entre eles, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que disse preparar o pedido para uma audiência na Câmara para discutir o "Twitter Files Brasil [arquivos do Twitter Brasil, em tradução livre] e censura", inclusive com um representante do X.
Moraes é relator de inúmeros inquéritos sensíveis no STF e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O ministro é autor de uma série de despachos que suspenderam perfis, nas redes sociais (entre elas o X), de investigados por suposta disseminação de desinformação e ataques às urnas eletrônicas.
Nesta noite, Musk voltou a escrever sobre o assunto, apontando "censura agressiva [que] parece violar a lei e a vontade do povo do Brasil". Ele fez o comentário compartilhando uma sequência de publicações do jornalista norte-americano Michael Shellenberger com o título "Twitter Files Brasil".
Nas publicações, Shellenberger afirma que "o Brasil está envolvido em um caso de ampla repressão da liberdade de expressão" liderada por Moraes. A publicação do norte-americano ainda cita um suposto conjunto de e-mails de funcionários do antigo Twitter reclamando de decisões impostas por Moraes e pelo TSE, e de investigações contra apoiadores de Bolsonaro em 2021 e 2022. Na época, bolsonaristas foram investigados por propagação de notícias falsas nas redes sociais, envolvendo, entre outros assuntos, a lisura do processo eleitoral. A divulgação desses supostos documentos internos da rede social ficou conhecido como "Twitter Files".
O jornalista, com base nos e-mails, afirma que Moraes exigiu ilegalmente que o Twitter revelasse detalhes pessoais de usuários do Twitter. Ele também acusa o ministro de exigir o acesso aos dados internos da plataforma, em violação à política do Twitter, procurar censurar as postagens de parlamentares brasileiros e buscar transformar as políticas de moderação de conteúdo em uma "arma" contra apoiadores de Bolsonaro.
Na sequência, Musk insinuou fechar o escritório do X no Brasil. O empresário, que se descreve como um "absolutista da liberdade de expressão", diz que está retirando todas as restrições de contas no X determinadas pelo Judiciário brasileiro e ainda acusou, sem provas: "Este juiz [Moraes] aplicou multas pesadas, ameaçou prender nossos funcionários e cortou o acesso ao X no Brasil".
Até a noite deste sábado (6), o ministro não havia respondido aos ataques do empresário. A reportagem tenta contato com o gabinete do ministro, o STF e o TSE. A matéria será atualizada tão logo haja manifestação.
Como resultado, provavelmente perderemos todas as receitas no Brasil e teremos que fechar nosso escritório lá [no Brasil]. Mas os princípios são mais importantes do que o lucro.
Elon Musk em publicação no X.