Era início da tarde de domingo quando uma moradora da 703 Sul foi rendida em casa por dois bandidos. A servidora pública Milene Aragão, 40 anos, dormia em seu quarto quando foi surpreendida pelos ladrões, que a trancaram no cômodo. Eles tomaram o celular da vítima antes de fecharem a porta, mas não perceberam que havia um tablet no local. Ela não pensou duas vezes: “Socorro, ladrão na minha casa. Estou presa”, publicou em seu perfil no Facebook.
Rapidamente amigos se mobilizaram e acionaram a Polícia Militar, que não tardou a chegar ao local, apesar de o posto da PM localizado a cerca de 200m da casa de Milene estar desativado desde o ano passado. Os bandidos fugiram do local antes da chegada da polícia.
Casa revirada
Ainda bastante nervosa, a vítima revelou ao que o crime ocorreu por volta das 13h, momento em que estava sozinha em casa. Milene foi acordada com as seguintes palavras: “Isso é um assalto. Se você gritar, eu te mato”. Na sequência, eles fecharam a porta do quarto.
Enquanto Milene buscava ajuda pela rede social – ela tentou, sem sucesso, falar com o irmão pelo Facetime – os bandidos vasculharam toda a casa e seu carro. O lugar está tão revirado que a família ainda tenta identificar o que foi levado pelos ladrões.
Toda a ação, segundo a servidora pública, deve ter durado 20 minutos. De dentro do quarto, ela ouvia o barulho dos ladrões mexendo em roupas, móveis e utensílios da residência. Depois, demorou mais 20 minutos para ela ouvir as vozes dos vizinhos na frente da casa. Mas Milene permaneceu no quarto até policiais militares abrirem a porta e garantirem que tudo havia acabado.
Aparentemente, a dupla fugiu por onde entrou: um pequeno portão lateral da residência. Eles forçaram as barras de ferro e passaram pelo espaço – um vão cuja distância entre uma barra e outra é menor do que uma caneta esferográfica.
A PM realiza buscas pela região. Momentos após o atendimento na casa da vítima, os policiais encontraram o celular de Milene jogado no Parque da Cidade e chegaram a prender dois suspeitos, mas, como eles não foram reconhecidos pela vítima, acabaram liberados.
A mãe da servidora também atendeu o pedido de socorro: ela tinha ido almoçar fora, mas a filha preferiu ficar em casa descansando. “Viemos voando. Foi choro e desespero. Não sabíamos se tinham matado ela, se tinham atirado”, contou Zuleide Aragão, muito assustada, mas aliviada por Milene estar fisicamente bem.
A vítima seguiu para a 1ª Delegacia de Polícia, Asa Sul, para registrar ocorrência.
Insegurança
Segundo vizinhos, a insegurança na quadra 703 Sul piorou muito neste ano. O posto da Polícia Militar que ficava praticamente na esquina, a cerca de 200m da casa da servidora pública Milena Aragão, foi desativado no ano passado.
“Lutamos tanto para não desativarem o posto… Estamos largados. Quem vai cuidar da gente?”, questionou a moradora da quadra Josefa Ramos, de 70 anos. “Tem sido uma das épocas mais perigosas aqui”, acrescentou o vizinho Francisco Magno, 71, que mora há 30 anos na 703 Sul.
Há cerca de duas semanas, na mesma rua da servidora pública, uma mulher teve o carro levado por dois bandidos.
O sentimento é de revolta por ter um posto policial a poucos metros da minha casa e ele estar fechado. O governo tirou o posto e abriu um Centro Pop (para moradores de rua) na região central da cidade, sem qualquer tipo de controle, sem vigilância. Meu celular foi encontrado na frente do Centro Pop. Queremos que ele seja fechado, e o posto da PM, reaberto"
Milene Aragão, vítima de assalto na 703 Sul