O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), minimizou a repercussão sobre o afastamento do prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Solidariedade), a poucos dias do encerramento de seu mandato. Em entrevista ao Jornal O Popular, o chefe do executivo estadual ressaltou que a rejeição histórica da gestão já apontava para um desfecho problemático e atribuiu a atual situação a anos de omissões e erros acumulados.
“Chegar no final do mandato com rejeição de mais de 50%. Não precisa fazer nenhum comentário mais, só pegar a pesquisa. A pessoa chega nesse nível de rejeição, comentar mais o quê? Onde é que errou, onde é que acertou? São tantos fatos somatórios que desencadearam no que foi esse ponto final, que está aí”, afirmou.
Sobre a retomada do debate entre vereadores acerca de um possível processo de impeachment de Cruz, Caiado destacou que essa discussão deveria ter ocorrido muito antes. De acordo com o governador, medidas preventivas poderiam ter evitado a crise que hoje se reflete no caos da saúde e administrativo de Goiânia.
“Eu chamei a atenção para um processo que estava ali, sendo publicizado, e ninguém falava nada. Essa ingerência já deveria ter sido alertada e discutida antes. Agora, se acham que este é o tempo, a menos de um mês do fim do mandato, eu sinceramente não sei avaliar isso”, disse.
O governador aproveitou para criticar a condução política e administrativa da capital, com destaque para os problemas na saúde pública. “Pacientes estão morrendo, não tem medicamento, não tem luva… Isso não caiu do céu. Era uma situação que todos estavam vendo e lavaram as mãos”, alfinetou.
Embora a gestão de Cruz tenha enfrentado acusações de ingerência e ineficiência, Caiado descartou qualquer possibilidade de intervenção estadual. Ele explicou que medidas desse tipo não dependem exclusivamente do Executivo, mas sim de encaminhamentos do Ministério Público e do Tribunal de Justiça.
“Onde é que me é dada essa prerrogativa? Não é prerrogativa do Executivo. Se os órgãos de fiscalização levantam a condição, sai do Ministério Público, vai ao Tribunal de Justiça, que determina. Querer dizer que hoje isso é um espanto, como se fosse algo novo, não dá, né? Não dá para ficar com essa interpretação do fato”, afirmou. A entrevista ao O Popular foi concedida antes de uma nova ameaça de paralisação na Saúde e também a renúncia de Cynthia Mathias, que ficou na Secretaria de Saúde apenas uma semana, no lugar do ex-titular Wilson Pollara, preso em operação do Ministério Público de Goiás.