Em despedida, Nísia diz que sofreu "campanha misógina" de "desvalorização"

Ex-ministra da Saúde destacou também os feitos à frente da pasta, principalmente, a reconstrução do SUS

11/03/2025 07h36 - Atualizado há 21 horas
Em despedida, Nísia diz que sofreu campanha misógina de desvalorização
(crédito: Reprodução/YouTube/Canal do Lula)

Declaração de Nísia ocorreu em discurso de despedida, nesta segunda-feira (10/3), no Palácio do Planalto, durante a posse do novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha - 

A ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, afirmou que sofreu uma "campanha sistemática e misógina" de desvalorização do seu trabalho, durante sua gestão à frente da pasta. A declaração ocorreu em discurso de despedida, nesta segunda-feira (10/3), no Palácio do Planalto, durante a posse do novo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e da ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann.

"Durante os 25 meses em que fui ministra uma campanha sistemática e misógina ocorreu de desvalorização do meu trabalho, da minha capacidade e da minha idoneidade. Não é possível e acho que não devemos aceitar como natural comportamento político desta natureza. Podemos e devemos construir uma nova política, baseada efetivamente no respeito, e destaco o respeito a nós, mulheres, e no diálogo em torno de propostas para melhorar a vida de nossa população", declarou Trindade.

O nome da ex-ministra foi ventilado diversas vezes como uma possível troca do governo, principalmente, durante a epidemia de dengue, que o país viveu no início de 2024, com mais de 6,5 milhões de casos. No final de fevereiro, ela foi demitida pelo presidente, após semanas de aliados do governo confirmarem que ela deixaria o cargo.

Cenário da pandemia

A ex-ministra também relembrou os desafios que enfrentou à frente da pasta, ao assumir o cargo, em 2023. "Presidente Lula, como é de seu conhecimento, encontrei um Ministério da Saúde desmontado e desacreditado, ele perdera sua autoridade de coordenar o SUS após a terrível experiência das 700 mil mortes pro covid-19 no governo passado. Durante nosso trabalho de reconstrução, encontramos mais de 4.500 Unidades Básicas de Saúde (UBS) instaladas, que aguardavam credenciamento há quatro anos, mais de 4 mil obras paralisadas e inúmeros leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) não cadastradas", comentou.

"A pobreza e a desigualdade fazem mal à saúde e a superação desse quadro requer efetivas políticas públicas. Por acreditar na urgência dessa tarefa e, após presidir a Fiocruz, e ter me colocado na linha de frente da proteção da sociedade brasileira na pandemia de covid-19, aceitei com entusiasmo o convite do presidente Lula", disse ainda a ministra, que destacou acreditar ter sido "a ministra do SUS".

Nesta manhã, antes de deixar o cargo, Nísia Trindade participou da inauguração do quadro na galeria de ex-ministros da Saúde, no Ministério da Saúde, junto com servidores da pasta. A cerimônia contou com muitos aplausos.


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