Os chamados penduricalhos incluem práticas como a “dezembrada”, em que tribunais elevam contracheques no fim do ano. Em alguns casos, os pagamentos chegam a R$ 700 mil, ultrapassando o teto do funcionalismo. Esses valores muitas vezes são isentos de Imposto de Renda, graças a decisões administrativas.
Resoluções do Conselho Nacional de Justiça criam benefícios sem passar pelo Congresso. Assim, juízes recebem salários acima do limite de R$ 46,4 mil vigente no STF. O Judiciário justifica a prática com sua autonomia financeira, conceito que, segundo Gilmar, interpretam de forma distorcida.
O magistrado defendeu uma regulamentação clara sobre gratificações e indenizações. Ele alertou para o fato de que muitas vantagens foram instituídas ou restauradas nos últimos anos sem critérios definidos. Outros integrantes da Corte, como os ministros Flávio Dino e Cármen Lúcia, também questionaram essas práticas.
Flávio Dino classifica benefícios excessivos no Judiciário como “vale-tudo inaceitável” Dino chamou de “vale-tudo inaceitável” a criação indiscriminada de benefícios. Em sessão do STF, ele criticou o uso abusivo da criatividade administrativa para justificar os supersalários. Cármen Lúcia reforçou o argumento, classificando os pagamentos como um desrespeito ao direito do cidadão.
A solução passa pela aprovação de regras rígidas no Congresso. Um projeto de lei sobre o tema continua parado, sem perspectivas de avanço. No entanto, especialistas revelam que o texto atual contém tantas exceções que pode acabar apenas legitimando os privilégios existentes. Enquanto os parlamentares não avançam, as declarações dos ministros evidenciam o desconforto com os excessos.