Câmara corre para votar urgência de projeto em que Minas ganha mais um deputado federal

Em reação à decisão do STF, proposta que pode elevar total de cadeiras para 527 será acelerada nesta semana para blindar bancadas ameaçadas pelo Censo de 2022

05/05/2025 08h02 - Atualizado há 5 horas
Câmara corre para votar urgência de projeto em que Minas ganha mais um deputado federal
Minas Gerais tem atualmente 53 dos 513 deputados. Com a proposta, a bancada mineira ganharia mais uma cadeira no plenárioFoto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados

A Câmara dos Deputados deve votar nesta semana um requerimento para acelerar o projeto que pode alterar de forma significativa a composição da Casa: a criação de 14 novas cadeiras, elevando o total de parlamentares de 513 para 527.

Com base na proposta, Minas Gerais ganharia mais um deputado federal, passando dos atuais 53 para 54.

O projeto é uma reação à determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que obriga o Congresso a atualizar a distribuição das vagas com base no Censo Demográfico de 2022.

A decisão do STF estabelece que a redistribuição respeite o número atual de deputados, ou seja, 513 cadeiras. Isso obrigaria a retirada de vagas de estados que perderam população, transferindo-as para os que mais cresceram demograficamente. Projeções indicam que sete estados — incluindo Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraíba — perderiam assentos.

Contrário a essa lógica, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defende um caminho alternativo: em vez de tirar vagas de alguns, ampliar o total. "Para que nenhum estado perca", justificou.

A medida, no entanto, muda um princípio histórico da legislação, que até então estabelecia que o número de deputados federais "não poderá ultrapassar" 513. O novo texto prevê que esse número "não será inferior a 513", abrindo espaço para expansão futura sempre que houver atualização populacional.

Proposta deve elevar ainda mais o orçamento da Câmara

Apesar das garantias políticas, técnicos do Legislativo avaliam que a mudança terá impacto fiscal. Mesmo com o argumento de Hugo Motta de que o custo seria absorvido pelo atual orçamento da Câmara, especialistas apontam que seria “muito difícil” evitar aumento de despesas, citando salários, benefícios e estruturas de apoio parlamentar.

O projeto será relatado por Damião Feliciano (União-PB), líder da bancada negra e deputado de um dos estados que correm risco de perder vagas. A urgência da proposta espera ser votada já nesta segunda-feira (5), em sessão extraordinária, abrindo caminho para deliberação direta em plenário. Líderes partidários sinalizaram acordo para concluir a análise ainda nesta semana.

A movimentação ocorre sob forte pressão de prazo: o STF determinou que a atualização deve ser feita até 30 de junho. Caso contrário, caberá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) redistribuir as vagas por meio de resolução própria.

Quem ganha e quem perde

Pela proposta em debate, sete estados ganhariam assentos:

* Santa Catarina e Pará +4 deputados cada

* Amazonas +2

* Ceará, Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso +1 cada

Os demais estados, que poderiam ser afetados negativamente, manteriam suas bancadas intactas. Com isso, o projeto visa acomodar as exigências demográficas sem que nenhuma unidade da federação perca representatividade.

Além disso, o aumento no número de deputados federais poderia desencadear um efeito cascata pela Constituição, o tamanho das assembleias legislativas estaduais é proporcional às bancadas na Câmara, o que pressionaria os orçamentos estaduais.


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