Sem acordo salarial, motoristas ameaçam greve no transporte coletivo em Goiânia

A próxima reunião entre as partes está agendada para terça-feira (10), às 14h, na sede do SET

10/06/2025 07h34 - Atualizado há 2 dias
Sem acordo salarial, motoristas ameaçam greve no transporte coletivo em Goiânia
Trabalhadores pedem aumento entre 8% e 9% e mudanças na jornada. (Foto: Jucimar de Sousa)

A negociação salarial entre o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos de Goiânia (Sindcoletivo) e o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo (SET) permanece travada, sem avanço formal mesmo após seis rodadas de conversa. Os motoristas ameaçam greve caso as demandas não sejam atendidas. A categoria tenta negociar o reajuste anual com data-base em 1º de março. Uma nova reunião foi marcada para a próxima terça-feira (10), às 14h, na sede do SET.

Até agora, segundo o Sindcoletivo, nenhuma proposta concreta foi apresentada pelas empresas, apesar das sucessivas promessas. O presidente do sindicato dos trabalhadores avaliou que o processo deste ano tem sido mais moroso que o registrado em 2024. Ele lembrou que, no mesmo período do ano passado, embora a proposta não fosse satisfatória, já havia um esboço de acordo. Agora, em 2025, nem isso aconteceu.

Além das seis reuniões realizadas, o sindicato alega que outras cinco foram desmarcadas pelas empresas. Para a entidade, essa postura afeta a credibilidade da negociação e revela falta de respeito com a categoria. A direção sindical também tem apontado contradições, considerando que o sistema opera com subsídios públicos e renovação da frota.

O que os motoristas pedem?

Os trabalhadores reivindicam reajuste entre 8% e 9%, além de melhores condições de trabalho. Entre os pontos debatidos estão a redução da carga horária, tempo menor de intervalo para refeições e melhorias nas salas de descanso dos terminais, usadas por motoristas e cobradores.

O salário base de um motorista de ônibus em Goiânia gira em torno de R$ 3 mil. Em 2024, o reajuste foi de 7,5%, homologado no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), com aumento também no vale-alimentação. Para o Sindcoletivo, o piso salarial ainda é um dos mais baixos entre as capitais, apesar de Goiânia ter uma das tarifas mais caras do país. Segundo a entidade, cidades como São Paulo e Brasília oferecem remuneração significativamente superior aos motoristas do transporte urbano.

A expectativa da categoria é que, na próxima reunião, o SET finalmente apresente uma proposta oficial. Caso isso ocorra, uma assembleia será convocada para votação entre os trabalhadores. Se não houver avanço, o sindicato pretende acionar a Superintendência Regional do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho e até recorrer ao TRT com um pedido de dissídio coletivo de natureza econômica.

Embora o tom da diretoria seja de cautela, o clima entre os profissionais da área é de crescente insatisfação. De acordo com Carlos Alberto, os diretores recebem ligações diárias de trabalhadores que pedem uma greve imediata. O sindicato afirma estar tentando evitar esse desfecho, mas alerta que a paciência está no limite. Para ele, o silêncio das empresas tornou-se insustentável.

Contexto e expectativa

Durante a pandemia, os motoristas mantiveram o sistema de transporte coletivo funcionando mesmo diante de riscos sanitários elevados — um esforço frequentemente lembrado pela categoria como argumento para valorização profissional.

A entidade sindical argumenta que, com as melhorias implementadas no sistema, como a introdução de ônibus elétricos, avanço tecnológico e aumento de subsídios, não há justificativa para a ausência de uma proposta.

Para os trabalhadores, as empresas estão financeiramente estruturadas, com parte das passagens sendo pagas antecipadamente por cartão ou débito automático. Nesse cenário, o sindicato considera que a valorização da categoria não deveria ser negligenciada.

O SET informou que as negociações estão em andamento e confirmou a reunião para essa terça-feira. No entanto, disse que não irá comentar os termos até que haja uma proposta oficial.


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