Preso no Recife (PE) por menos de 24 horas na sexta-feira (13), o ex-ministro do Turismo do governo Bolsonaro, Gilson Machado (PL), é figura política em ascensão no segundo estado mais populoso do Nordeste. Em 2024, disputou a prefeitura da capital pernambucana e aparece como provável candidato ao Senado em 2026.
Líder de uma banda de forró de razoável sucesso em Pernambuco na década de 1990, Machado tenta consolidar sua liderança política em meio a uma rebordosa: virou alvo da Polícia Federal após a suspeita de tentar emitir passaporte português para o ex ajudante de ordens Mauro Cid, em um possível plano de fuga. O político nega.
Ao deixar a prisão, no Cotel (Centro de Observação Criminológica Professor Everardo Luna), em Abreu e Lima, Grande Recife, no fim da noite da sexta, o ex-ministro disse que foi alvo de um "mal-entendido". Machado está em liberdade provisória após revogação da prisão a pedido da Procuradoria-Geral da República, atendida pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e tem que seguir uma série de orientações para não ser preso novamente.
Empresário, veterinário e sanfoneiro
Natural de Recife e com 55 anos de idade, Gilson Machado é veterinário e vem de uma família com proximidade ao setor agrícola e afinidade com a política. Ele é sobrinho de Gílson Machado Guimarães Filho, liderança dos usineiros, um dos grupos mais poderosos da economia pernambucana até o século 20.
O tio de Machado foi presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar em Pernambuco, de 1977 até 1986, quando foi eleito deputado constituinte pelo PFL. Reeleito em 1990, foi um dos 38 deputados que votaram contra o impeachment de Fernando Collor de Mello, em 1992. Dois anos depois, o usineiro deixou a carreira política. Faleceu em 2018.
Já Gilson Machado, o ex-ministro de Bolsonaro, caminhou por outros meandros até chegar nos palanques e aparecer na urna eletrônica. Empresário e produtor rural com patrimônio estimado em mais de R$ 3,5 milhões, ele é sanfoneiro e ganhou notoriedade na efervescente cena do forró pernambucano na década de 1990 com a banda Brucelose, que segue liderada por ele.
Fundado em 1993, o grupo já lançou 15 álbuns e alcançou sucesso no fim da década, chegando a vender mais de 300 mil cópias e emplacou o hit "Te amo demais". Brucelose é uma doença que afeta os bovinos, além de uma zoonose, que também pode acometer os humanos. O nome da banda é curioso justamente por Gilson Machado ser veterinário.