Brasil e Marrocos buscam ampliar parcerias

Em evento em Marrakech, organizado pela Lide, empresários e autoridades debatem oportunidades de negócios entre os dois países e destacam áreas potenciais, como agronegócio e turismo

10/07/2025 09h06 - Atualizado há 13 horas
Brasil e Marrocos buscam ampliar parcerias
Lide Brazil-Morocco Fórum reúne autoridades e empresários em Marraquexe - (crédito: Divulgação )

Marrakech, Marrocos – As relações comerciais entre Brasil e Marrocos são tímidas em valores, mas poderiam ser ampliadas uma vez que a economia dos dois países são complementares na busca de oportunidades nas relações bilaterais. Esse foi o fio condutor do Lide Brazil-Morocco Fórum, que reuniu autoridades e empresários dos dois países, nesta quarta-feira (9/7), em Marraquexe, organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide).

O embaixador do Brasil no Marrocos, Alexandre Parola, destacou três áreas com potencial de crescimento dos investimentos entre os dois países: agronegócio, turismo e logística.

“Temos muitas diferenças e somos muito semelhantes. E essa parceria vai além dos dois países. O Brasil é a porta de entrada para o Mercosul e o Marrocos é a porta de entrada para a África como um todo. Esses dois países devem ter um perfil mais importante para liderar no que tange a agricultura mundial”, disse.

O diplomata destacou que Marrocos é dono de 70% das reservas globais de fosfato e, atualmente, o Brasil é o segundo maior importador de fertilizantes do país africano, atrás apenas dos Estados Unidos. “As duas economias são complementares Esse encontro nos fornece uma plataforma completa e esperamos ultrapassar os Estados Unidos na importação de fertilizantes”, afirmou Parola.

Segundo ele, em meio o país tem feito um esforço para diversificar os fornecedores de fertilizantes, porque o país importa 90% do fertilizante utilizado nas lavouras brasileiras. “Sempre fomos grandes compradores de fertilizantes e estamos comprando mais agora, porque o país é uma potência agrícola, mas depender de 90% do fertilizante no exterior é um risco estratégico e o Marrocos é um parceiro importante nessa área”, explicou.

Parola afirmou que o governo brasileiro tem conversado com a marroquina OCP, um dos maiores fabricantes de fertilizantes do mundo, para ampliar a presença no Brasil, e, quem sabe, investir em uma fábrica no Brasil para atender o mercado doméstico.

Na avaliação do diplomata, as condições estão dadas para a cooperação e a parceria entre os dois países é essencial e estratégica para garantirmos a segurança alimentar. “Reconheço a preocupação dos marroquinos na preservação da água e o esforço para usar menos água na produção agrícola. E a porta de entrada e mais imediata é a diversificação da parceria com a OCP para ir além da compra de fertilizantes e ampliar a parceria e trocar conhecimento”, disse.

Turismo

De acordo com Parola, a retomada do voo direto entre Brasil e Marrocos explodiu o número de turistas brasileiros no país africano. “Ouço mais português nas ruas e é hora de os marroquinos irem mais ao Brasil”, afirmou o embaixador ao Correio.

O presidente da Royal Air Maroc, Abdelhamid Addou, destacou que a empresa retomou os voos diretos para o Brasil interrompidos por conta da pandemia da Covid-19, e, até 2026, pretende operar, pelo menos, seis voos semanais entre os dois países. A companhia vem ampliando a frota de 50 para 200 nos próximos anos.

“Hoje somos a segunda maior companhia do continente africano e vamos comprar, pelo menos, mais 15 aviões por ano que vai permitir multiplicar por quatro o fluxo da empresa”, disse o executivo.

Vinicius Lummertz, ex-presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) e membro sênior do Instituto Milken, reforçou que o Brasil tem potencial para desenvolver turismo no Marrocos, pois existe uma estimativa de que o número de brasileiro morando no país africano deve saltar de 180 mil para 350 mil nos próximos anos.

Para ele, com a expectativa de ampliação da frota da Royal Air Maroc, o Brasil entra nessa rota de melhorar o turismo bilateral. “O Brasil precisa ter uma estratégia mais agressiva voltada ao turismo”, pontuou Lummertz. O executivo lembrou que, enquanto Marrocos recebe 40,2 mil turistas brasileiros, o Brasil recebeu 4 mil turistas marroquinos.

Exportações

Ali Seddiki, diretor geral da Agência Marroquina de Desenvolvimento das Importações e Exportações (Amdie), reconheceu que, como o Brasil é um importante membro do Mercosul, o país pode construir um corredor entre para o Marrocos na região, ampliando a cooperação Sul-Sul.

“Nossa iniciativa atlântica é criar um corredor entre o Brasil e o Marrocos aumentando o acesso entre os países de cada continente e diversificar as nossas exportações”, afirmou. “Precisamos nos conectar e começar uma colaboração conjunta e precisamos criar mais oportunidades de negócios entre os dois países”, afirmou.

Um dos palestrantes do evento que contou com presença de senadores e deputados brasileiros, o ex-presidente Michel Temer, elogiou o evento do Lide e a iniciativa de aproximar mais o Brasil do Marrocos, uma vez que o Brasil é o segundo maior exportador de alimentos do mundo e, como o país africano tem fertilizantes, especialmente potássio, existe uma “relação umbilical” entre os dois países. “O futuro é alimentar o mundo. E, por isso, o Brasil será fundamental”, afirmou.


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