Depois de conseguir aumentar a influência sobre o próprio partido, o MDB, com a eleição do presidente da Câmara Legislativa (CLDF), Rafael Prudente, ao comando da sigla, o governador Ibaneis Rocha passou a direcionar as energias para recompor a base aliada entre os deputados distritais. Na terça-feira (14/05/2019), durante a abertura da 12ª Feira Internacional dos Cerrados, a AgroBrasília, o emedebista anunciou o reforço de dois nomes que o Palácio do Buriti poderá contar nas votações de projetos tidos como importantes para o GDF.
A partir de agora, os deputados distritais Eduardo Pedrosa (PTC) e Roosevelt Vilela (PSB) passam a votar de acordo com a orientação do Palácio do Buriti. O anúncio é resultado de, segundo pessoas próximas ao governador, meses de negociação com os dois parlamentares. Embora tenham o histórico de votar em sintonia com o Buriti, os parlamentares eram considerados “independentes”, o que dificultava o trabalho de articuladores do palácio na conta sobre a possibilidade ou não de aprovação de medidas enviadas para a Câmara Legislativa.
A
o anunciar a presença de vários deputados na agenda oficial, Ibaneis declarou que Vilela estava indo para a base e, quanto a Pedrosa, o governador declarou ainda estar trabalhando a confirmação do distrital. “São duas grandes grandes aquisições para o nosso grupo”, discursou.
Com papel estratégico nas relações do governo com os outros Poderes, o vice-governador Paco Britto (Avante) confirmou à reportagem a ampliação de aliados na CLDF.
“A adesão oficial dos dois parlamentares é muito bem-vinda e ajudará o governador Ibaneis a fazer um trabalho ainda melhor. Nossa meta é recalcular todos os votos, mas tudo indica que teremos um número próximo do que elegeu o presidente Rafael ao comando da CLDF”, disse. Em janeiro, 17 distritais escolheram o deputado emedebista para comandar o Legislativo local.
Para a área de articulação política do governo é um alívio, já que até então o número real de votos leais ao Buriti não estava claro. “Tanto Roosevelt Vilela quanto Eduardo Pedrosa sempre se preocuparam em votar em prol da nossa cidade. São deputados que nunca fizeram oposição por fazer e sempre pensaram no bem da população, ajudando, como consequência, o governo”, disse o ex-distrital Bispo Renato (PR), atual secretário de Relações Parlamentares do GDF.
“Oposição natural”
Integrante do PSB, mesmo partido do ex-governador Rodrigo Rollemberg, o distrital Roosevelt Vilela diz que não haverá problemas com a sigla, mesmo após a ida para a base aliada de quem derrotou o ex-chefe do Executivo nas eleições de 2018.
“Não visualizo problema com o PSB e não devo satisfação a ninguém. O meu partido é uma oposição natural, existe esse posicionamento de ter ideias diferentes, mas não farei oposição por fazer. Se me cobrarem, tenho resposta na ponta da língua: o partido não pode orientar ninguém a votar contra o bem da população. Acredito que ele [o PSB] não terá essa postura comigo”, disse ao Metrópoles.
Já para o Eduardo Pedrosa, a decisão de passar a integrar o grupo apoiador do titular do Palácio do Buriti foi considerada “natural”. “Desde o início do governo tenho trabalhado para dar as condições necessárias para resgatar a nossa cidade. Sempre vou estar ao lado de quem quer que o DF dê certo. Sempre que um projeto precisa ser melhorado, tenho ajudado a construir um formato que seja mais benéfico para a cidade”, disse.
Mesmo com o cálculo de 17 votos possíveis, o governo tenta moderar o tom sobre a base com o objetivo de não intimidar novas adesões de deputados que preferem ser classificados como “independentes”. “Essa questão de base é muito ultrapassada. Hoje em dia, nosso papel é de trabalhar com a coletividade, com a participação de todos os interessados em deixar sua marca na melhoria das matérias a serem votadas”, explica Bispo Renato.
As novas adesões chegam no momento em que a pauta do governo na Câmara Legislativa deve ser turbinada com projetos considerados de grande importância para o Buriti. Entre eles, a aprovação da estrutura administrativa da nova Junta Comercial do DF, recém-transferida da União, a criação da administração regional do Pôr do Sol e Sol Nascente e a eleição direta para administradores, os quais já tramitam na Casa. “Estamos trabalhando em todos eles para não ser uma imposição do palácio, mas um resultado participativo dos deputados distritais”, disse o articulador do Buriti na CLDF.
Pelo histórico, veja como votam os distritais: