O economista Joaquim Levy não é mais presidente do BNDES. Ele resolveu entregar o cargo em carta dirigida neste domingo, 16, ao ministro da Economia. Saiu da frigideira colocada no fogo por Jair Bolsonaro, na véspera, sem uma queimadura sequer. E manteve com esse gesto a cabeça erguida, como o fez quando ocupou outros cargos em governos estaduais e nas administrações de FHC, Lula e Dilma.
No sábado, 15, Bolsonaro havia dito que a cabeça de Levy estava a prêmio. Ou o presidente do BNDES demitia o diretor da Área de Mercados Marcos Barbosa Pinto, ou ele (o próprio Bolsonaro) demitiria os dois.
Levy costuma trabalhar com pessoas da sua confiança. E não aceitou o ultimato de Bolsonaro. Considerou mais conveniente ir embora a virar mais uma vítima de momentos constrangedores, como aconteceu com ao menos três ex-auxiliares diretor do presidente – Gustavo Bebianno, Ricardo Vélez Rodríguez e, por fim, o general Santos Cruz -, que tentaram se segurar no pincel enquanto a escada era puxada.
Conhecido por sua discrição, é bastante provável que Joaquim Levy mantenha guardados a quatro-chaves os reais motivos de ver sua cabeça colocada a prêmio por Bolsonaro.