26/07/2019 às 07h14min - Atualizada em 26/07/2019 às 07h14min

Juíza quebra sigilo telefônico de Fernando Pimentel

operação busca investigar os beneficiários dos recursos desviados da empresa Cemig Geração e Transmissão por meio do aporte de R$ 810 milhões de reais na empresa Renova Energia SA

Estadão Conteúdo

A juíza federal Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, determinou a quebra de sigilo telefônico do ex-governador Fernando Pimentel (PT) no âmbito da 2ª fase da Operação E o Vento Levou deflagrada na manhã desta quinta-feira, 25. A representação da Polícia Federal pedia ainda realização de buscas em endereços ligados ao petista, mas a solicitação foi indeferida pela Justiça Federal de São Paulo.

A operação busca investigar os beneficiários dos recursos desviados da empresa Cemig Geração e Transmissão por meio do aporte de R$ 810 milhões de reais na empresa Renova Energia SA. Segundo a investigação, a empresa Renova repassou parte do dinheiro desviado por um contrato de fornecimento de energia eólica firmado com a Casa dos Ventos, com superfaturamento de R$ 40 milhões.

 

Os valores teriam sido repassados à empresa por intermédio de quatro pessoas jurídicas. Segundo depoimento do colaborador Clécio Antonio Eloy, diretor geral da Casa dos Ventos, os contratos firmados com tais empresas “serviram apenas para justificar o repasse do sobrepreço ajustado elos sócios-fundadores da Renova, Ricardo Delneri e Renato Amaral”. Ambos já são investigados.

Em sua decisão, a juíza indica que a medida contra Pimentel tem como objetivo “confirmar eventual envolvimento do ex-governador de Minas Gerais na solicitação de vantagem indevida”.

O afastamento do sigilo telefônico entre janeiro de 2014 e dezembro de 2015 também atinge outros quatro investigados: ex-deputado federal Gabriel Guimarães de Andrade, que teria recebido repasses de R$ 2 milhões da Renova; Leandro Gonçalves, apontado como operado de Gabriel; e Ricardo Assaf e Francisco Brandão, respectivamente o diretor financeiro da Renova e sócio da Barcelona Capital Investimentos que fecharam acordos de colaboração premiada com a Justiça.

O documento menciona que Fernando Pimentel é citado na colaboração de Ricardo Assaf, diretor financeiro da Renova. Segundo o delator, o ex-governador teria participado de uma reunião em Belo Horizonte, junto aos acionistas da Renova Ricardo Delneri e Renato Amaral e o ex-deputado federal Gabriel Guimarães.

Assaf indicou que durante a reunião, dentre assuntos pertinentes ao desenvolvimento dos projetos eólicos em Minas, Fernando Pimentel teria mencionado que “haviam incorrido em despesas consideráveis e que toda contribuição por parte de empresas seria de interesse”.

O delator contou que, após tal reunião, foi indagado por Ricardo Delneri, acionista da Renova, sobre a possibilidade de “um repasse clandestino”. Segundo Assaf, ficou definido que um repasse de R$ 2 milhões.

No documento, a juíza destaca que não há na delação “menção expressa de que Fernando Pimentel tenha sido o autor do pedido de repasse de R$ 2 milhões ou qualquer pedido de vantagens”. A magistrada ressalta ainda que os valores teriam sido supostamente destinados a Gabriel Guimarães, conforme indicado pelo delator.

A magistrada afirmou ainda que não ficou demonstrado o vínculo entre o ex-deputado e o ex-governador e que o fato de Gabriel organizar a reunião entre os representantes da Renova e o Pimentel, por si só, não demonstra a associação dos dois políticos para cometimento de crimes.

Para a juíza, o único fato que poderia demonstrar algum envolvimento do o ex-governador com os fatos seria o financiamento de um camarote pela Renova no carnaval do Rio de Janeiro para um grupo de convidados de Gabriel e da mulher do ex-governador.

No entanto, segundo a juíza, em nenhum momento fica evidenciado que Pimentel tenha tratado diretamente sobre o tema e que tenha ciência de que o evento foi financiado pela Renova.

Defesas

A Assessoria de imprensa de Fernando Pimentel informou por meio de nota: “A investigação se debruça sobre fatos anteriores à gestão de Fernando Pimentel no Governo de Minas Gerais. O ex-governador desconhece o caso e não tem nem teve relações com a empresa Renova.”

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) disse, em nota, 25, que está colaborando com a ação da Polícia Federal no âmbito da 2ª fase da operação “E o vento levou”, deflagrada na manhã desta quinta-feira. A empresa informou que também tem interesse na rápida evolução das investigações.

 


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