Durante 35 anos, Presidentes da República corruptos, todos, escolheram a dedo os rábulas que mais lhes conviessem para alçá-los, sem cerimônia, à mais alta corte, onde o único critério e a única exigência seria atendê-los sem restrições, pouco importando aquele papo de possuir notável saber jurídico e ter reputação ilibada, previsto na Constituição Cidadã.
Nessa balada, entraram pela porteira arrombada advogados sindicalistas, sócios, amigos, primos, valia tudo em nome da impunidade.
Parece que o tiro está saindo pela culatra. O Supremo Tribunal Federal está usurpando gradativamente iniciativas e atribuições dos outros poderes, que nada podem fazer para impedi-lo.
O Brasil encontra-se totalmente enredado na teia de uma organização criminosa, a sucuri de duas cabeças, onde aquela que se veste de preto para atuar já começa a engolir a outra.
O Executivo, porém, está de mãos atadas, pois a única ferramenta que possui para expurgá-lo é o artigo 142. Qualquer ação nesse sentido seria prejudicial ao relacionamento diplomático e comercial do Brasil com o mundo e, mesmo que seja fruto de uma convulsão social, corre o risco de, no futuro, ser chamado de golpe, como se refere a mídia marrom à revolução democrática de 1964.
Porém, vamos assistir o País marchar rumo ao precipício como vacas a caminho do matadouro?
Na verdade, os ingredientes que hoje propiciam o golpe em andamento da cúpula do judiciário surgiram assim que os militares iniciaram a abertura política. Aqueles que permaneceram orbitando em torno do planalto herdaram o poder e tentaram implantar o parlamentarismo. Sem sucesso, devido à rejeição da sociedade, criaram uma Constituição Federal parlamentarista, complexa e ineficaz, iniciando a prática execrável do toma-lá-dá-cá, única forma de aprovarem seus desidratados projetos, além de promover o leilão dos principais postos da máquina pública entre partidos políticos, essa sim, a verdadeira origem do processo endêmico de corrupção institucionalizada em que o Brasil foi mergulhado.
Os conflitos criados pela complexidade da CF passaram a fortalecer, desde aquela época a posição do STF frente aos demais poderes.
O Presidente Collor sofreu o impeachment unicamente porque, naquela ocasião, o esquema ainda era minoria; entretanto, mais adiante foi absolvido, porque o quórum já era suficiente e porque chegaram à conclusão de que o Fiat Elba, a Casa da Dinda e mais alguns milhões eram apenas um roubo de galinhas, frente ao que está acontecendo agora.
A Dilma era um poste incompetente, plantado para garantir o retorno do grande chefe da quadrilha mas, por contrariar esse anseio, ao exigir a reeleição, não merecia ser salva.
Mais tarde, já com o legislativo dominado, nas mãos de Eduardo Cunha e Renan Calheiros, foi fácil aprovar a PEC da bengala, que propiciou a ampliação do exército de togas enxovalhadas que hoje domina os dois outros poderes.
O legislativo agora tem seus dois presidentes acorrentados por denúncias de corrupção, cuja única salvaguarda é o foro privilegiado.
Com isso, são diversos pedidos de impeachment contra ministros, que o Presidente Davi “Alcalheiros” se recusa a dar seguimento, agarrando-se a eles como uma tábua de salvação.
Enquanto isso, a Suprema Corte segue legislando, bloqueando atos executivos, investigando, criando jurisprudências controversas e contrariando, ela mesma, trazendo imensa insegurança jurídica e fazendo jus ao grau de reprovação que recebe da opinião pública.
Na verdade, o STF vai testando e avançando no seu processo de interferência nos outros poderes e como não encontra reação, aprofunda o processo de domínio, extrapolando todos os limites do razoável, sem qualquer reação efetiva da sociedade e dos demais poderes.
O câncer não se desfaz por conta própria; tem que ser extirpado.
BRASIL ACIMA DE TUDO, DEUS ACIMA DE TODOS.