Sexta-feira, 07/11/25

Trajetória em Cores: Do Vermelho ao Verde

Ilustração MTG

A trajetória política de Daniel do Radar, marcada por alianças contraditórias e mudanças de discurso, revela mais conveniência do que compromisso ideológico.

Por Vital Furtado

Ao assistir a um vídeo recente em que Daniel se apresenta ,e durante sua fala menciona ser “parte” da ONDA VERDE“ é inevitável refletir sobre a trajetória de suas alianças políticas ao longo dos anos. Sua atuação pública revela uma série de aproximações com figuras e grupos de orientações ideológicas distintas — o que, naturalmente, suscita questionamentos sobre a coerência de seu posicionamento ao longo do tempo.

Durante boa parte de sua trajetória, Daniel esteve vinculado a Regufe, atuando como assessor e alinhando-se a pautas historicamente associadas à esquerda, com ênfase no discurso anticorrupção. Contudo, quando Flávia Peres assumiu a presidência da Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados — cargo de grande influência naquele momento —, registrou-se uma tentativa de aproximação entre Daniel e a parlamentar, sugerindo uma reorientação em sua estratégia política.

Posteriormente, sem vínculo consolidado com Flávia Peres, Daniel apareceu publicamente ao lado da senadora Damares Alves, afirmando ter recebido apoio também de Celina Leão e Paulo Otávio. Vale lembrar que a senadora representa um espectro ideológico conservador, frequentemente em oposição às causas anteriormente defendidas por Daniel. Essa nova associação reforça a percepção de que sua atuação tende a se adaptar ao contexto político vigente.

Mais recentemente, na sexta-feira (03), em Santa Maria, Daniel participou de um evento ao lado do ex-governador Arruda, vestindo camiseta verde e apresentando-se como “filho de Santa Maria” e porta-voz da “onda verde”. Em entrevista, prometeu melhorias para a comunidade local — discurso comum em períodos próximos a eleições.

Diante dessas sucessivas mudanças de alinhamento, é compreensível que parte da opinião pública possa interpretar a sua trajetória menos como evolução ideológica e mais como adaptação estratégica às oportunidades do momento. Naturalmente, cabe a cada cidadão avaliar se tal flexibilidade reflete pragmatismo político ou ausência de compromisso com princípios consistentes. Afinal, na política, como em outros campos, as motivações por trás das escolhas nem sempre são transparentes — e, como diria Freud, às vezes nem ao próprio agente.

Correio de Santa Maria – Redação

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