Ouvido por aproximadamente duas horas, o vigilante Clemente Luz, alvo de mandado de busca e apreensão da Polícia Civil do DF (PCDF) por supostamente criar e vender animais exóticos em Brasília e em Goiás, contou sua versão para explicar a procedência das cinco cobras que mantinha em sua chácara, na região de Águas Lindas, no Entorno do DF.
Segundo ele, a Anaconda apreendida, na verdade, é uma Píton birmanesa, espécie que não existe na fauna brasileira.
De acordo com o advogado do vigilante, João Henrique Moreno, o animal foi adquirido em São Paulo há 11 anos. “De fato, ele comprou essa cobra sem saber a procedência e sem os documentos necessários”, disse. A serpente é nativa do sudeste e sudoeste asiático.
A Píton birmanesa é uma das cinco maiores cobras do mundo e pode atingir até 8 metros. Alimenta-se de cervos, porcos selvagens, roedores, répteis e aves. Na chácara do vigilante, ela era acostumada a comer coelhos.
Segundo o advogado, Clemente sempre foi um criador e tratava das cobras como uma espécie de hobby, sem qualquer interesse financeiro. “Das cinco cobras que ele tinha em casa, nenhuma sofreu maus-tratos. Uma única vez, um casal de jiboias procriou e ele vendeu a ninhada, mas foi um fato isolado. Meu cliente não ganha dinheiro comprando e vendendo serpentes”, justificou.
Em seu depoimento, o vigilante rechaçou qualquer tipo de ligação ou relação com o estudante Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkuhl, 22 anos, picado por uma Naja kaouthia criada clandestinamente em sua casa, no Guará.
O rapaz foi indiciado nessa quinta-feira (13/8) pela PCDF, com outras 10 pessoas. “Além da Píton birmanesa, apenas outra cobra apreendida não tinha a licença necessária, mas estamos atrás da regularização. Todos os outros animais estavam devidamente legais e são nativos do Brasil”, afirmou o advogado.
Outras serpentes que teriam sido vendidas pelo vigilante também foram apreendidas pela Polícia Civil com um morador de Vicente Pires. O homem foi flagrado pela PCDF com animais exóticos, entre eles, três tubarões. Ex-militar do Exército, Clemente Luz é aficionado por animais exóticos e atua no ramo há mais de 20 anos.
O vigilante não estava em casa no momento da apreensão. Quem atendeu os agentes da PCDF foi a esposa de Clemente. Quatro cobras de pequeno porte foram colocadas em caixas e guardadas na viatura.
Pesada e comprida, a anaconda teve de esperar reforço policial para ser transportada.