05/01/2022 às 07h47min - Atualizada em 05/01/2022 às 07h47min

Explosão de casos de gripe sobrecarrega unidades de saúde do DF

Espera de mais de duas horas para passar pela triagem tornou-se comum; há um aumento de 70% nos atendimentos de prontos-socorros

A preocupação recente da população do Distrito Federal com sintomas respiratórios, que podem ser tanto o vírus da influenza como o da Covid-19, tem causado uma grande corrida a hospitais particulares do DF. Esperas de mais de duas horas para passar pela triagem, por exemplo, tornaram-se comuns nas últimas semanas.

Conforme conta o auxiliar administrativo Lucas Paiva, 19 anos, ele foi a um hospital de Taguatinga na última quarta-feira (29/12) após sentir sintomas de gripe e passou quase seis horas no local. “Chegamos lá por volta das 10h e a triagem estava sendo feita por apenas uma pessoa. Lembro que o número da senha mostrava 37 na nossa frente”, relata.

Apesar de a espera ter invadido a hora do almoço, ele conta que preferiu ficar sem comer a correr o risco de o nome ser chamado, e assim perder o atendimento.

“Aconteceu isso com um outro paciente. Ele voltou e já tinha passado a vez. Como era um risco muito grande, preferi aguardar. Acabei saindo de lá às 16h, só depois de todo o atendimento”, explica.

Quem passou situação parecida foi a veterinária Hellen Cristina de Sousa, 38. Apesar de não apresentar sintomas gripais e ter ido a um hospital do Lago Sul para emergência relacionada a uma cirurgia, ela também passou horas aguardando atendimento. “Cheguei lá por volta das 18h30 e tive que entrar na fila da clínica geral. Mesmo com a pulseira amarela, foram mais de duas horas até um médico me avaliar”, diz.

Ela conta que se assustou ao ver diversas pessoas do lado de fora da unidade por falta de local para sentar dentro do pronto-socorro. “As recepções são separadas, mas lembro de passar na frente e não acreditar no tanto de pessoas ali. A atendente ainda me disse que tive sorte da pulseira, pois a verde (menos grave), tinha 35 pessoas na fila”, detalha.

Gustavo Fernandes, diretor do Hospital Sírio-Libanês em Brasília, comenta que os quadros de síndrome gripais foram os que realmente aumentaram nas últimas semanas. “A taxa de positividade para influenza está dando 35%, sendo que para Covid-19 está em 4%. Então aqui a gente ainda não sentiu a pressão da variante Ômicron”.

Segundo ele, apesar da grande procura, a gravidade dos casos é “sensivelmente” menor. “O maior problema atualmente é o congestionamento para colher exame, no pronto-socorro, o pronto-atendimento e tal, mas a gravidade dos casos está controlada”, afirma.

A Rede D’Or São Luiz enviou nota à reportagem e informou que os hospitais no Distrito Federal estão, em média, com um volume de atendimento nos prontos-socorros 70% maior do que o habitual. “O aumento deve-se principalmente ao surto de síndrome gripal. A maioria dos casos, provocados pelo vírus influenza, são de pouca gravidade”.

Fila de testes também é grande

A fila para testagem também é grande. Até mesmo durante a madrugada foi possível encontrar filas em laboratórios privados que funcionam 24h. A reportagem flagrou um deles na Asa Sul, onde pacientes esperavam há mais de duas horas para realizar o teste PCR para Covid-19.

O Sindicato dos Laboratórios de Pesquisas e Análises Clínicas (Sindlab-DF) observou o aumento da procura por testes na rede particular logo após as festas de fim de ano. Segundo o presidente do Sindlab-DF, Alexandre Bitencourt, algumas unidades particulares registram grandes filas.

“Pelos relatos que recebemos da nossa base de associados, houve um aumento de 50% em relação ao número normal de testes na primeira semana de dezembro do ano passado. É muita coisa”, contou. Na comparação com julho de 2021, durante um dos períodos mais críticos da pandemia, o aumento foi de 15%.

Flurona no DF

Uma criança de 8 anos do Distrito Federal testou positivo tanto para Covid-19, quanto para influenza A. A informação, exclusiva da coluna Grande Angular, ainda não havia sido computada nos dados da Secretaria de Saúde – ainda no início da noite de terça.

A mãe da menina, que pediu para não ter o nome divulgado, disse que a paciente teve febre alta, dor de cabeça, dor de garganta, indisposição em geral no corpo, espirros e olhos vermelhos. “Os primeiros sintomas foram espirros e congestionamento nasal, aproximadamente dois dias antes da confirmação da flurona”, afirmou.

Já a Secretaria de Saúde informou não ter conhecimento de nenhum caso de flurona na capital federal até o início da noite dessa terça-feira (5/1). Especialistas, no entanto, apontam para um aumento em diagnósticos positivos para as duas doenças – Covid e gripe – nos próximos dias.


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