31/07/2022 às 07h45min - Atualizada em 31/07/2022 às 07h45min

Má higiene é o principal fator de amputação de pênis, alerta especialista

Em Goiás, nos últimos 3 anos e 5 meses, 38 procedimentos de penectomia (amputação) foram registrados, segundo o Ministério da Saúde

O câncer de pênis, causado principalmente pela má higiene do órgão, é o principal fator de amputação do membro, segundo o urologista Rodrigo Lima. (Foto ilustrativa: Getty Images)


O câncer de pênis, causado principalmente pela má higiene do órgão, é o principal fator de amputação do membro, segundo afirma o urologista Rodrigo Lima, que atua em Goiânia. Em Goiás, nos últimos 3 anos e 5 meses, 38 procedimentos de penectomia foram registrados, de acordo com dados do Ministério da Saúde (MS). O especialista alerta que são necessários hábitos de higienização diários, além de condições sanitárias adequadas e avaliação médica para evitar a doença.
 
Entre 2019 e 2022, houve registro de 38 amputações. Segundo o MS, em 2019, foram 6 penectomias. No ano seguinte, 9. Já em 2021, o número saltou para 19 procedimentos. Nos cinco primeiros meses de 2022, por sua vez, a pasta registrou 4 amputações.
 
Para o urologista Rodrigo Lima, o aumento de casos entre 2020 e 2021 está diretamente relacionado à Covid-19. “A pandemia trouxe essa questão de manter as pessoas em casa e procurar atendimento médico em casos extremos, o que agravou a situação e aumentou o número de registros de câncer de pênis”, destacou.
 
O que é câncer de pênis e como evitar?
De acordo com o especialista, o câncer de pênis é um tumor citológico, chamada de ‘espinocelular’, que se desenvolve na mucosa/pele do órgão e se aprofunda nas camadas. Segundo ele, a principal causa é a má higienização do local.
 
“O câncer de pênis é uma doença com incidência maior em países subdesenvolvidos, justamente porque está relacionado à higiene, inclusive com condições sanitárias adequadas. Então, muitas vezes, os pacientes não têm acesso a orientações mínimas de saúde e não fazem a limpeza de forma adequada”, pontuou.
 
Rodrigo de Lima aponta que, em muitos casos, por falta de instrução ou vergonha, os pacientes passam meses com lesão no pênis.
 
“São pacientes que podem demorar anos para procurar auxílio médico e chegam com a doença em estágio muito avançado. Lembro de uma campanha que fiz no Nordeste e um paciente me disse que faltava água na região. Ele precisava optar por beber a água ou usá-la para se higienizar”, disse ao citar a falta de saneamento básico como um problema relacionado ao tema.
 
Identificando o câncer de pênis
De acordo com Rodrigo, o câncer costuma ser detectado com uma ferida crônica, um ferimento no pênis, que dura 3, 4 semanas. “Normalmente é uma ferida que não cura. Ela é indolor, mas vai aumentando de tamanho”, afirmou.
 
O médico sublinha que a ferida também pode causar mau cheiro, além de sangramento ao toque. “Ela vai crescendo como se fosse uma verruga. É como uma úlcera, que vai aumentando mais e mais, podendo até causar as chamadas “ínguas””.
 
Nestes casos, o urologista afirma que é necessário auxílio médico. Ele diz que, quanto antes a doença for detectada, melhor. Em fases iniciais, pode ser feito um tratamento com laser, o que afasta a necessidade de amputação do pênis.
 
“No entanto, o que vemos é uma demora do paciente em procurar atendimento médico. Assim, já chegam ao consultório em estágio avançado. Nesses casos, o tratamento mais eficaz, com chance de cura do paciente, é a penectomia (amputação do pênis), às vezes parcial, às vezes total”
 
Prevenção
O urologista ressalta que a medida de prevenção básica e eficaz contra o mencionado tipo de câncer continua sendo a higienização do pênis. “É o básico, com água e sabão. O indicado é a limpeza pelo menos duas vezes ao dia”.
 
Segundo o profissional, é preciso tracionar o prepúcio (pele que recobre o pênis) para fazer a limpeza e retirar secreções que ficam no local.
 
“Além disso, é importante procurar um médico sempre que o paciente tiver uma lesão crônica no órgão. Uma ferida que já dura semanas e você não consegue se livrar dela”, disse.
 
O médico cita, ainda, que a fimose – excesso de pele que dificulta a completa exposição da glande – é um fator de risco. “A fimose não operada é um fator de risco para surgir, no futuro, o câncer de pênis, por conta da dificuldade que o homem tem, nesses casos, de fazer uma completa higienização”, concluiu.


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