18/12/2024 às 06h02min - Atualizada em 18/12/2024 às 06h02min

Denúncias de caixa 2 e rachadinha podem derrubar prefeito e vice de Luziânia

Pessoas próximas a Diego Sorgatto denunciaram repasses de dinheiro não declarado e apontam fraude nas prestações de contas da Coligação Pra Luziânia Seguir Mudando

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Ao menos sete candidatos a vereador em Luziânia relataram ao Ministério Público Eleitoral (MPE) que receberam dinheiro em espécie do comitê dos candidatos Diego Sorgatto e Télio Rodrigues. Segundo as denúncias, os valores foram utilizados para o pagamento de combustível e a contratação de cabos eleitorais, mas não teriam sido contabilizados nas prestações de contas da campanha, o que pode caracterizar a prática de “caixa 2” — uma infração proibida pela legislação eleitoral. As acusações ganharam força após uma funcionária da prefeitura denunciar que tem sofrido pressão para fazer repasses do próprio salário a outro servidor, além de quitar um empréstimo que ela foi coagida a fazer.

Outro ponto apontado pelos candidatos foi a inserção de notas fiscais nas prestações de contas que eles afirmam não reconhecer. Segundo as denúncias, essas notas teriam sido incluídas pela Coligação Pra Luziânia Seguir Mudando, o que levanta a suspeita de fraude eleitoral. Se as acusações forem comprovadas, o MPE pode pedir a cassação da chapa encabeçada por Diego Sorgatto e Télio Rodrigues.

Denúncia de rachadinha e funcionária fantasma
A principal denúncia que pode comprometer a chapa de Sorgatto e Rodrigues envolve Tatiane Pereira de Souza, funcionária fantasma da prefeitura de Luziânia. Em um áudio enviado ao portal Fatos Online, Tatiane detalha as intimidações que teria sofrido após supostamente participar de um esquema de rachadinha, prática ilegal que consiste no repasse de parte do salário de servidores comissionados a terceiros.

No áudio, Tatiane afirma ter registrado queixa contra o candidato a vereador, nas eleições deste ano, João Carlos Dadalte Júnior, após ser pressionada a entregar parte do salário a ele. Durante uma conversa com o secretário municipal Divonei Oliveira de Souza, Tatiane teria sido orientada a não envolver seu advogado. “Você já envolveu o advogado, já começa a ficar ruim”, teria afirmado o secretário. Ele ainda disse que, na hipótese do caso se tornar público, negaria qualquer envolvimento e até mesmo que conhece Tatiane. Por fim, o secretário orientou a funcionária a deixar de repassar os valores e utilizar a remuneração para quitar as últimas parcelas de um empréstimo.

Pressões sobre funcionária
Tatiane também alega que foi constrangida a realizar o empréstimo consignado e a ceder o controle de sua conta bancária para João Dadalte. De acordo com a denúncia, o dinheiro foi utilizado para financiar despesas de campanha eleitoral. Em outro trecho do áudio, Tatiane afirma que João teria pressionado a funcionária a transferir recursos, chegando a ir até a casa dela para cobrar pessoalmente. Todas as afirmações foram formalmente registradas na denúncia.

O documento também aponta que, após ser nomeada para um cargo na Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Tatiane foi orientada a continuar trabalhando no comitê de campanha da Coligação Pra Luziânia Seguir Mudando, e não na unidade administrativa para a qual havia sido formalmente designada. No comitê, ela teria recebido ordens para atuar na organização de atividades de campanha, publicação de materiais de divulgação e atendimento a eleitores, o que configura a utilização de recursos públicos em benefício de uma campanha eleitoral, conduta vedada pela legislação.

Outro ponto crítico relatado por Tatiane é a nomeação de funcionários fantasmas, o que inclui ela mesma. Seguindo as declarações, cargos comissionados teriam sido criados para abrigar pessoas que, em vez de atuar em suas respectivas secretarias, prestariam serviço exclusivo no comitê de campanha. Ela aponta ainda que móveis, equipamentos e materiais de expediente que pertencem à prefeitura de Luziânia foram utilizados no diretório do Democracia Cristã e no comitê da coligação, o que também pode configurar improbidade administrativa.

Possíveis consequências jurídicas
De acordo com especialistas jurídicos ouvidos pela reportagem, as denúncias de “caixa 2”, rachadinha e utilização de servidores fantasmas podem levar à cassação da chapa eleitoral de Diego Sorgatto e Télio Rodrigues. A Justiça Eleitoral pode, inclusive, determinar a perda dos mandatos e a inelegibilidade dos envolvidos, caso seja comprovado o uso de recursos públicos para financiar atividades eleitorais.

O que dizem os citados
Até o momento, a equipe de Fatos Online não obteve resposta de Diego Sorgatto, Télio Rodrigues, João Carlos Dadalte Júnior, Divonei Oliveira de Souza e outros mencionados na denúncia. O espaço segue aberto para manifestações.

Próximos passos
As investigações estão em curso no Ministério Público Eleitoral e na Polícia Civil do Estado de Goiás. As provas, incluindo os áudios apresentados por Tatiane Pereira de Souza, serão analisadas para a elaboração de uma eventual denúncia formal contra os envolvidos. Caso as acusações se confirmem, as implicações políticas e jurídicas podem abalar o cenário eleitoral de Luziânia. A cassação de chapa, se aplicada, resultará na anulação dos votos recebidos, o que poderá exigir a realização de uma nova eleição.
 
Com informações do portal Fatos on-line


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