Uma fiscalização contra ambulantes na Região da 44, em Goiânia, terminou com duas crianças feridas, segundo relatos de camelôs que atuam no local. A ação, liderada pela Secretaria Municipal de Eficiência, visava coibir o comércio irregular de mercadorias e produtos, mas a operação foi marcada por excessos e violência, conforme narraram ambulantes.
Um camelô, cuja identificação será preservada, afirmou que a van da fiscalização desceu pela Rua 300, no Centro da cidade, na contramão e em alta velocidade. Segundo ele, o veículo passava “para pegar o pessoal que estava trabalhando”. Ainda conforme o relato, quando passaram pela rua, os agentes de fiscalização atropelaram uma criança, que ficou ferida e quebrou o braço devido ao acidente.
De acordo com a testemunha, uma equipe da Guarda Civil Metropolitana, que estaria dando apoio aos fiscais da secretária, teriam usado spray de pimenta dentro de uma das loja. “A GCM, que não tinha o que fazer, entrou dentro de uma loja e jogou o spray (de pimenta) dentro de uma loja, onde tinha uma criança de cinco meses”, afirmou.
Outros ambulantes relataram ainda que guardas civis também teriam usado spray de pimenta em um idoso que tem autismo e é conhecido pelos ambulantes por recolher latinhas na região.
A Secretaria Municipal de Eficiência esclareceu, por meio de nota, que as ações de fiscalização são rotineiras e visam garantir a desocupação das calçadas e vias do entorno da Região da 44. A secretaria destacou que os ambulantes têm 30 dias para comprovar que a mercadoria é deles e pagar a taxa para remoção. Após isso, o produtos serão devolvidos, desde que não sejam ilícitos.
Já a GCM disse que acompanha a fiscalização realizada pelos auditores fiscais na região da 44, em cumprimento ao Código de Posturas do município. “A atuação da GCM é realizada conforme prevê suas atribuições, para garantir a segurança dos visitantes, comerciantes e fiscais municipais durante suas atividades”, afirma o texto.
Manifestações de ambulantes na região da 44
Os ambulantes têm realizado manifestações diárias contra as medidas do prefeito Sandro Mabel (UB) no local. A líder dos vendedores ambulantes, Ana Paula Barbosa de Oliveira, afirmou que a fiscalização começa às 4h da manhã e que nem a Feira da Madrugada consegue seguir com as atividades. “Em nenhum horário nós podemos trabalhar”.
A Prefeitura propõe a realocação dos ambulantes para galerias ou para a Feira Hippie, onde há mais de mil vagas demarcadas. No entanto, os ambulantes preferem a regulamentação da Feira da Madrugada, com pagamento de uma taxa. A proposta foi negada pela Prefeitura, que insiste na realocação.
Uma Comissão Temporária Especial para tratar da retirada dos camelôs da Região da 44 foi criada na Câmara Municipal de Goiânia e é composta por membros da base e oposição de Mabel.