O ministro da Economia, Paulo Guedes, ameaçou deixar o governo caso a reforma da Previdência não seja aprovada da forma como foi apresentada pela gestão Jair Bolsonaro (PSL). “Pego um avião e vou morar lá fora. Já tenho idade para me aposentar”, disse, em entrevista à revista Veja nesta sexta-feira (24/05/2019).
Sobre as outras oportunidades em que declarou a possibilidade de deixar o governo, Guedes disse que não é irresponsável, mas não ficará com um cargo onde é o único a acreditar nas propostas da pasta comandada por ele. “Se só eu quero a reforma, vou embora para casa”, completou.
Guedes insistiu que a reforma precisa ter economia de R$ 1 trilhão nos próximos 10 anos. Porém, devido à resistência no Congresso Nacional, ele abriu mão do projeto e reconheceu a margem de R$ 800 bilhões. “Se os parlamentares aprovarem algo que represente uma economia menor do que 800 bilhões de reais, não há a menor possibilidade de lançar uma nova Previdência. Estaríamos só remendando a velha”, afirmou.
O economista disse se negar a aprovar um texto que esteja próximo a uma “reforminha” e acusou a oposição de querer barrar o sucesso do governo Bolsonaro. “Também não adianta quando o Paulinho [da Força, deputado federal do Solidariedade] fala assim: ‘Vamos fazer uma reforma pequenininha para o presidente não ficar’. Paulinho estava falando o que muitos pensam. Ou seja, ele sabe que a reforma da Previdência vai resultar em prosperidade ao Brasil e que o presidente pode se beneficiar politicamente disso”, continuou.
O ministro contou que a reforma foi uma condicionante para assumir o cargo na atual gestão. Ele apontou que o chefe do Executivo federal estava incerto quanto à nova Previdência, com medo de perder apoio populacional. “Eu não posso te prometer esse apoio agora. Você está me botando numa posição terrível”, disse Bolsonaro, antes de assumir o cargo. Guedes respondeu: “Quando o senhor decidir isso, também estará decidindo se vou ou não ser ministro do seu governo".