19/08/2021 às 08h03min - Atualizada em 19/08/2021 às 08h03min
Operação resgata homem em situação análoga à escravidão no Entorno do DF
A casa onde o homem morava com a mulher e os sete filhos tinha apenas um quarto, uma sala e uma cozinha. O banheiro era improvisado e ficava na área externa do imóvel, com o vaso sanitário protegido por uma lona
Um homem, de 48 anos, foi resgatado pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel, do Ministério Público do Trabalho (MPT), em uma fazenda na área rural de Formosa (GO), em condições análogas à escravidão. Na residência, o trabalhador, que morava com a mulher e cinco filhos menores de idade, viviam sem energia elétrica e com banheiro improvisado.
O procurador do trabalho Tiago Cabral, que coordenou a operação, contou que tudo partiu de uma denúncia anônima. “O informante disse que haveria uma família sendo vítima de trabalho análogo à escravidão em uma fazenda de criação de gado. Montamos essa operação e, chegando ao local, nos deparamos com um local inabitável”, detalhou.
A operação começou na quarta-feira passada e finalizou na sexta-feira. Segundo relatado pelo homem, que não teve a identidade revelada, ele trabalhava no local há cerca de nove anos com a criação de gado. A casa onde o funcionário ficava com a família tinha apenas um quarto a ser dividido com sete pessoas, uma sala e uma cozinha. O banheiro era improvisado e ficava na área externa do imóvel, com o vaso sanitário protegido por uma lona.
Além disso, os auditores constataram que o empregador não cumpria com as obrigações legais, que é fornecer alimentação, água e energia. “Do lado de fora, eles colocavam a carne no sol, pois não tinham geladeira. Então, essa era a maneira que eles usavam para conservar o alimento para ser consumido”, detalhou o procurador. Outro fator agravante notado pela equipe era o fato de a casa estar situada a poucos metros de uma mineradora de calcário. “É extremamente cancerígeno”, complementou Cabral.
Indenização
A família resgatada em Formosa foi encaminhada para a casa de familiares. O empregador firmou um termo de conduta com o MPT e com a Defensoria Pública da União, se comprometendo a pagar a indenização por danos morais e um imóvel para a família do trabalhador.
A casa, no valor de R$ 100 mil, terá sala de estar, de jantar, instalação sanitária, três quartos, cozinha e área de serviço e instalações elétricas e hidráulicas.