11/01/2022 às 07h38min - Atualizada em 11/01/2022 às 07h38min

Mãe luta para tratar criança desacordada há seis meses após afogamento

Karita Lorraine afirma que Arthur Miranda necessita de sessões de estímulos elétricos e magnéticos para resgatar o funcionamento cerebral

Goiânia – Desacordado há seis meses – dois deles em coma – com lesão cerebral grave, desde que se afogou em piscina em Iporá, no oeste de Goiás, um menino de 4 anos luta para ter vida normal de volta, com sorriso largo que sempre estampou no rosto. Em casa, Arthur Rodrigues Miranda precisa de ajuda para tratamento complexo e de alto custo para restabelecer o funcionamento do cérebro.
 
A doméstica Karita Lorraine Rodrigues, de 26, e o trabalhador de serviços gerais Rafael Miranda Silva, de 30, levarão nesta terça-feira (11/1) o filho à última das 20 sessões de oxigenoterapia hiperbárica. O procedimento é realizado em câmara de ar, que aumenta em 20 vezes a quantidade de oxigênio transportado pelo sangue.
 
 “Como ainda não acordou, ele não tem diagnóstico certo, e não sabemos as sequelas”, diz a mãe, em entrevista.
 
“Mudou tudo”
Depois da oxigenoterapia, que é coberta por plano de saúde em que é dependente do avô paterno, Arthur ainda necessitará de ao menos 100 sessões com estímulos elétricos e magnéticos destinados a restabelecer o cérebro. Cada uma delas custa, em média, R$ 600. Ele se afogou, em 2 de julho de 2021, na piscina da casa do então patrão da jovem, em Iporá, a 226 km de Goiânia.
 
“Não é fácil. De repente, a vida da gente mudou em tudo. A gente via o sorriso mais lindo do Arthur e hoje o vê neste estado. Uma hora a gente quer sair gritando, desesperado, achando que não vai dar certo, mas, no mesmo momento, vêm a fé, que Deus dá para a gente, e a confiança para correr atrás do tratamento”, diz a mãe.
 
Karita conta que, no dia do acidente, o seu então patrão havia descoberto a piscina porque iria tomar banho com o filho dele à tarde. Ela disse que, depois do almoço, foi lavar a área da frente da casa com uma máquina de pressão, que faz barulho, e deixou Arthur brincando de carrinho, na sala, com o patrão. Em seguida, Karita sentiu falta do menino.
 
“Perguntei ao meu patrão onde estava Arthur, e ele disse que meu filho estava brincando com os cachorrinhos na cozinha. Fui atrás e não achei meu filho. Olhei para a piscina, aos fundos, e o Arthur estava boiando. Corri, pulei o pilar, puxei ele, mas já estava espumando a boca e o nariz. Na hora em que o vi desse jeito, gritei muito”, lembra. Médicos estimaram que ele ficou afogado por 15 minutos.
 
“Em choque”
Karita relata, ainda, que ficou “em choque” e depois “paralisada” a ponto de não dar conta de falar o endereço. “Na hora, meu patrão pegou meu filho nos braços. Liguei para os bombeiros, mas não conseguia falar nada por causa do desespero. Após dois minutos, saí, li a placa do endereço, e a equipe de resgate chegou rapidamente, porque ficava a quatro quarteirões”, diz.
 
Arthur foi reanimado em unidade de pronto atendimento (UPA) em Iporá. Em seguida, equipe do Corpo de Bombeiros o encaminhou, de helicóptero, para o Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia, onde, segundo a família, ele ficou em coma na unidade de terapia intensiva (UTI) por dois meses. Depois, ficou mais um mês na enfermaria, antes de ser liberado para casa.
 
Tratamento em casa
De acordo com a mãe, Arthur tem acompanhamento com equipe multidisciplinar custeada por plano de saúde do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo), ao qual o avô paterno dele, José Francisco da Silva, de 59, tem vínculo. “É uma luta”, ressalta ela.
 
Por semana, segundo o plano de saúde, Arthur recebe visita em casa de médico e enfermeira, duas vezes; fonoaudiólogo e fisioterapeuta, todos os dias, além de técnicas de enfermagem que o acompanham por 24 horas, diariamente. Também há acompanhamento nutricional mensal.
 
Em nota, o Ipasgo respondeu que, em dezembro, houve a solicitação para o cadastro da criança no Programa de Apoio Social do Ipasgo (PAS), que oferece descontos da coparticipação em exames e procedimentos para usuários portadores de doenças de alto custo. Segundo o instituto, o pedido foi indeferido por não atender aos critérios do programa.
 
“Cérebro diminuiu”
Karita diz que segue na luta para conseguir cobertura junto ao Ipasgo para 100 sessões de estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr), nome do tratamento com estímulos elétricos e magnéticos para restabelecer o funcionamento cerebral e que foi prescrito por neurologistas. O instituto informou que ainda não recebeu essa solicitação.
 
“O cérebro dele diminuiu, está pequeno. A única parte que ficou intacta é o cerebelo”, diz a mãe. O cerebelo tem como função manter o equilíbrio do corpo, controlar os movimentos musculares e é responsável pelas aprendizagens motoras. “Os médicos também disseram que as córneas estão preservadas”, acrescenta.
                                                      


 
A mãe destaca que não vai desistir jamais de seu filho. “Se tem tratamento, a gente vai correr atrás para poder trazer de volta o sorriso do Arthur. Ele é muito apegado a mim. Como mãe, não é fácil ver meu filho nessa situação, mas a gente se apega a Deus e confia que vai dar tudo certo”, diz.

 


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