Funcionários da Estação de Metarreciclagem em Valparaíso de Goiás (GO), município goiano a 40km de Brasília, no Entorno do Distrito Federal, anunciaram nessa sexta-feira (17/05/2019) que decidiram encerrar as atividades no galpão.
Há cerca de duas semanas, os colaboradores da estação já trabalhavam com as portas fechadas. O projeto referência mundial em tratamento de lixo eletrônico da organização não governamental (ONG) Programando o Futuro está na região desde 2014, mas teve a licença ambiental negada pela prefeitura em julho do ano passado e, mesmo já tendo vencido o tempo necessário, o processo não foi finalizado.
Agora, por causa do impasse com o poder público, a instituição fechou as portas e cogita procurar um novo município para se instalar e garantir a continuidade do trabalho prestado.
Desde sua implantação no município goiano, a Estação de Metarreciclagem já tratou 2,5 mil toneladas de lixo tecnológico e gerou mais de 200 empregos. A ONG é a única que recebe e separa esse tipo de material no Entorno e no DF.
O projeto funcionava no espaço havia seis anos. Até 2017, o licenciamento era emitido pelo estado de Goiás. No ano passado, a responsabilidade passou a ser da prefeitura, que não liberou mais o documento.
“Comunicamos oficialmente que estamos encerrando as nossas atividades para a comunidade. Pedimos um prazo de 30 dias para retirar e processar todo o material que está lá dentro. Nós fomos uma das primeiras instituições a pedir o licenciamento e, infelizmente não o obtivemos. Antes, tínhamos a dispensa e agora que conseguimos dar um salto de qualidade, esse avanço não se efetivou”, disse o coordenador-geral da ONG, Vilmar Simion.
Simion explicou que esse é um processo que se arrastou por pelo menos 10 meses. “Nós demos entrada no pedido de licenciamento para instalação e funcionamento. Houve várias idas e vindas, além de diligências. A maior delas foi a readequação do termo de convênio e, mesmo assim, continuamos sem o documento até a presente data.”
Ainda de acordo com Vilmar, a cada momento eles faziam novas exigências com menos embasamento técnico. “Na minha opinião, a prefeitura e os gestores locais têm dificuldade em entender a dimensão do que a gente faz. Não conseguimos ter uma licença ambiental no quintal da nossa casa, mas temos o reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU) como a melhor tecnologia do mundo para tratamento de lixo eletrônico”, afirmou.
“Na primeira semana de maio nós recebemos a licença incompleta. Ela representa menos de 5% das atividades que nós fazemos e é totalmente indiferente ao objeto solicitado. Fizemos uma reunião com o prefeito em 6 de maio e ele se comprometeu, no prazo de cinco dias úteis, a entregar o documento adequado para a gente”, contou Vilmar.
Com o prazo estipulado, a expectativa era a de que a licença fosse concedida à ONG até a última segunda-feira (13/05/2019), o que não ocorreu. “O prefeito não nos deu posicionamento algum e, por isso, não encontramos outra saída a não ser fechar as portas”, defendeu o coordenador.