13/09/2023 às 05h40min - Atualizada em 13/09/2023 às 05h40min

MST ocupa latifúndio improdutivo no município de Santana do Cariri, no Ceará

Aproximadamente 85 famílias sem terra ocuparam a fazenda Sítio Ventura

A ocupação foi uma demanda das famílias Sem Terra da região, que não tinham onde trabalhar. - Foto: Aline Oliveira/ MST

Na madrugada da segunda-feira (11), cerca de 85 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), residentes no distrito de Brejo Grande, no município de Santana do Cariri (CE), ocuparam a fazenda Sítio Ventura, distante aproximadamente 500 km da capital cearense.

De acordo com informações do MST, a fazenda ocupada é uma área pública que pertence ao estado do Ceará, sob tutela da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA). O Brasil de Fato entrou em contato com a SDA, que informou que a área em questão, na verdade, está sob responsabilidade da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP). Em contato com a assessoria de comunicação da SAP, foi informado que vai ser apurada a situação do terreno, mas que "não existe unidade prisional em Santana do Cariri". "Vamos apurar se esse terreno pertence a SAP", disse a assessoria.

Flávio Barbosa, da Direção Estadual e Coordenador Regional do MST na região Centro Sul/Cariri, explica que essa ocupação foi uma demanda das famílias sem terra da região, que não tinham onde trabalhar. "A ocupação tem como objetivo assentar famílias e garantir que a terra cumpra sua função social."

As famílias acampadas reivindicam a imediata desapropriação da área para fins de reforma agrária e produção de alimentos saudáveis.
 
A ocupação aconteceu na madrugada desta segunda-feira, e Flávio explica que no momento a situação é considerada tranquila e que as famílias ainda não receberam nenhum tipo de visita oficial de agentes do estado. Questionado se está acontecendo algum tipo de negociação com as famílias, Flávio afirma que sim. "Tem uma audiência com o governo agora no final da tarde. Foi solicitado outros imóveis que existem nas proximidades para o Estado fazer a desapropriação, considerando que a terra pública do Estado não é suficiente para assentar todas as famílias", relatou.

Segundo ele, a posição do governo é de diálogo. "Inclusive, há uns 20 dias já houve uma mesa de negociação com representação das famílias reivindicando do governo do estado a destinação da terra para às famílias. Acreditamos que o governo possa ter o compromisso social e corrigir essa injustiça econômica e social: o Estado com terras ociosas e famílias querendo ter um pedaço de terra para viver com dignidade."

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Sobre os próximos passos da ocupação, Flávio informa que é organizar as famílias para ter um plano de ação junto à sociedade para divulgar a pauta das famílias com essa luta; ir às universidades e meios de comunicação; fazer o debate do papel da reforma agrária na região do Cariri, destacando sua importância para a produção de alimentos saudáveis e garantia de vida digna no campo; organizar uma frente de trabalho para, em negociação com o Estado, as famílias terem terra para preparar suas roças, já que o inverno no Cariri já inicia em outubro.


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