O ex-presidente do BC (Banco Central) Roberto Campos Neto disse nesta 3ª feira (8.abr.2025) que a inflação elevada do Brasil não é culpa de empresários que sobem os preços dos produtos ou serviços, mas do governo. Para ele, brasileiros pagam pelo gasto acima da arrecadação do setor público.
“A inflação não culpa do malvado do empresário que subiu o preço, ou do dono do supermercado, a inflação, no final das contas, é culpa do governo. É um processo em que você gasta mais do que arrecada. Isso está mais transparente, declarou Campos Neto.
O economista está cumprindo quarentena de 6 meses depois de sair do cargo em dezembro de 2024. Ele participou do programa “Pânico”, na Rádio Jovem Pan. Adriana, mulher de Campos Neto, disse ser fã do programa. “Fui eu que falei para ele vir”, disse durante a transmissão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, em fevereiro, que uma das maneiras de controlar os preços é não comprar produtos caros. No raciocínio do petista, quando o trabalhador faz isso, “que está vendendo vai ter que baixar para vender porque senão vai estragar”.
Segundo o ex-presidente do BC, processos inflacionários têm efeitos mais rápidos na popularidade de governos.
“Não é o Banco Central que é malvado e que subiu os juros. O Banco Central subiu os juros, porque tem uma inflação e precisa combater […] Essa situação ocorre, em grande parte, porque o governo gasta mais do que arrecada”, disse Campos Neto. “Quando o empresário tem uma taxa de juros alta, deveria pensar que está alta porque o governo gastou mais do que arrecadou, teve mais risco e, quando tem mais risco, a taxa de juro sobe. E o empresário está pagando por aquele risco”, afirmou.
Na ata da reunião de março do Copom (Comitê de Política Monetária), sem a presença de Campos Neto, o BC disse que a desaceleração da economia é “elemento necessário” para levar a inflação para a meta de 3%.
O intervalo da meta é de 1,5% a 4,5%. A taxa do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) foi de 5,06% em fevereiro. Segundo o BC, deverá subir para 5,6% em março e ficar próxima de 5,5% nos próximos meses.
Na última reunião do Copom, os diretores do BC subiram a taxa básica, a Selic, para 14,25% ao ano. Sinalizaram que o juro base vai subir no próximo encontro, de maio, mas em “menor magnitude”.
NOVO MERCADO DE TRABALHO
O ex-presidente do Banco Central disse que o governo “precisa entender” que o mercado de trabalho exige uma relação de trabalho com mais flexibilidade. Afirmou que muitos trabalham com algum canal ou processo digitais.
Para Campos neto, há uma dinâmica de trabalho que está mudando e que os jovens têm uma visão diferente do que tem sido dito.
“Ninguém quer sindicato, ou que alguém fale que você vai trabalhar 5 ou 6 horas por dia, ou se você vai trabalhar 7 dias por semana”, disse. “Tem um jeito novo de trabalhar. Eu não quero que você diga como vou trabalhar, eu quero que você melhore um instrumento de trabalho que eu tenho. Me dê mais poder de digitalização e regras flexíveis”, declarou.
Segundo ele, a relação do mercado de trabalho atual permite serviços por aplicativo e home office, como médicos que atendem remotamente.
CORREÇÃO 10.abr.2025 (10h55)
– Diferentemente do que foi publicado na linha-fina deste post, Roberto Campos Neto é ex-presidente do Banco Central, não o atual presidente. O texto foi corrigido e atualizado.