Eduardo Bolsonaro (à esquerda), o presidente Donald Trump e o ministro do STF Alexandre de Moraes
Aliados do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos comemoraram discretamente nos bastidores a abertura de um inquérito na Polícia Federal por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar se houve coação por parte do filho 03 de Jair Bolsonaro contra os integrantes do tribunal. “Agradecemos a iniciativa... Foi um presente”, me disse um desses aliados em caráter reservado
Para esse aliado, a decisão do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, de abrir o inquérito, comprovaria a narrativa adotada pelo filho de Bolsonaro desde que decidiu se licenciar do mandato e ficar nos Estados Unidos alegando que ele e o pai são alvo de perseguição política e judicial.
Além disso, para o entorno dos Bolsonaro, a decisão contribui para reforçar entre os trumpistas americanos a ideia de que é preciso tomar alguma atitude contra o Supremo brasileiro, em específico contra Moraes, o relator do processo da trama golpista.
Na semana passada, o secretário de Estado de Trump, Marco Rubio, declarou no Congresso americano que há “uma grande possibilidade” de que os Estados Unidos adotem sanções financeiras contra Moraes que podem ir desde a inadmissibilidade para obter um visto para entrar no país até o congelamento de contas bancárias e o cancelamento de cartões de créditos em bancos e companhias que tenham sede ou acionistas nos EUA.
A fala de Rubio e a campanha de Eduardo para que o governo Trump implemente sanções econômicas contra Moraes foram as principais razões pelas quais o procurador-geral da República, Paulo Gonet, acatou a representação do deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) e opinou pela abertura do inquérito. Depois de acatar o parecer de Gonet, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, distribuiu o caso para o próprio Moraes.
Na Polícia Federal, como já informou o blog, a apuração vai para a alçada da mesma equipe que investigou a trama golpista na PF, no Departamento de Inteligência (DIP).
Embora o novo inquérito não esteja formalmente ligado à ação da trama golpista, a PF avalia que os policiais que já investigaram Bolsonaro e os outros acusados “já investigaram fatos correlatos e têm conhecimento profundo do cenário”, como definiu uma fonte que participou da definição
No pedido ao STF pela abertura da investigação, Gonet pede que a PF faça o “monitoramento e preservação de conteúdo postado nas redes sociais do sr. Eduardo Bolsonaro” que tenha relação com a investigação, além de convocar para depor o ex-presidente para falar sobre “ a circunstância de ser diretamente beneficiado pela conduta descrita e já haver declarado ser o responsável financeiro pela manutenção do filho nos Estados Unidos”.
A mesma equipe também investigou a fraude no cartão de vacinação do ex-presidente e de sua filha, Laura, o desvio das joias sauditas e foi também responsável pela negociação que levou ao acordo de delação premiada com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
Por causa desses antecedentes, os aliados dos Bolsonaro – pai e filho – já contam com o indiciamento e a abertura de processo no STF contra Eduardo.